12.7 Digepônica
O processamento anaeróbio de biomassa cultivada propositalmente, bem como de material vegetal residual da atividade agrícola, para a produção de biogás é um método bem estabelecido. A digestação bacterialmente indigestível é devolvida aos campos como fertilizante e para construção de húmus. Embora este processo seja generalizado na agricultura, a aplicação desta tecnologia na horticultura é relativamente nova. Stoknes et al. (2016) afirmam que, dentro do projeto ‘Food to waste to food’ (F2W2F), um método eficiente para a utilização da digestação como substrato e fertilizante foi desenvolvido pela primeira vez. A equipe de pesquisa cunhou o termo ‘digeponics’ para este sistema circular. Digepônica, em contraste com a aquapônica, substitui a parte aquícola por um digestor anaeróbio, ou, ao compará-la com um sistema aquapônico de três alças que inclui um anaeróbico, a parte aquícola é removida do sistema, deixando dois loops principais, o loop de digestão e o loop hortícola.
A entrada orgânica necessária que é fornecida sob a forma de alimento para peixes para um sistema aquapônico é substituída por resíduos alimentares provenientes da produção de alimentos humanos para digeponia. A composição variável dos nutrientes no fluxo de entrada oposta ao fluxo de nutrientes bem conhecido, constante e provavelmente otimizado nutricionalmente, resultante da alimentação dos peixes, provavelmente exigirá um regime de análise e gestão de nutrientes mais rigoroso do que o exigido na aquaponia.
O biogás produzido, que contém principalmente metano e dióxido de carbono, pode ser utilizado dentro da instalação para produção de eletricidade e calor. O gás de escape rico em dióxido de carbono resultante pode ser usado como fertilizante diretamente no efeito estufa reduzindo as emissões em comparação com as plantas de biogás clássicas usadas na agricultura.
Uma vez que o “digestado fresco e não tratado em chorume líquido anaeróbio (contém) substâncias tóxicas vegetais, uma condutividade elétrica (CE) muito elevada e uma procura química de oxigénio (CQO)” (Stoksnes et al. 2016), tem de ser tratado para torná-lo adequado para fertilização vegetal. Foram examinados vários métodos de moderação no âmbito do projecto F2W2F. A CE relativamente elevada da digestação e a flexibilidade operacional de um digestor alimentado com resíduos alimentares de baixo custo aliviam algumas das questões de acoplamento apertadas muitas vezes atribuídas a sistemas aquapônicos acoplados (ver [Capítulo 7](/comunidade/artigos/capítulos 7 acoplados-aquaponics-sistemas)). Assim, a digeponia pode servir como uma alternativa interessante para a aquapônica em situações em que a parte aquícola representa um desafio. No que diz respeito a um sistema aquapônico de três alças que já compreende um loop com um digestor anaeróbio, a inclusão de um fluxo de resíduos alimentares para entrada orgânica pode representar uma direção futura interessante. O rendimento de metano das lamas de aquicultura é bastante limitado. Uma inclusão direcionada da biomassa agrícola residual com o objetivo de otimizar o rendimento do metano poderia melhorar o desempenho geral.